ESTUDOS BIOANTROPOLÓGICOS NO CEMITÉRIO DO ENGENHO SÃO JORGE
DOS ERASMOS
RIBEIRO-DOS-SANTOS, Ândrea KC 1; MORAIS, José Luiz 2;
MARINHO, Anderson NR 1; SANTOS, Sidney EB 1; PIEDADE, Silvia
Cristina 2.
1. Laboratório de Paleogenética, Universidade Federal do Pará;
2. Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo.
akely@ufpa.br
O sítio histórico-arqueológico Engenho São Jorge dos
Erasmos, localizado na cidade de Santos, Estado de São Paulo -
Brasil, representa um dos primeiros empreendimentos agro-industriais
do império português em terras brasileiras, construído provavelmente
por volta de 1534 por Martim Afonso de Sousa e sócios. Apresenta
além dos dispositivos habituais para processamento de açúcar, uma
capela, cemitério e instalações para trabalhadores, muitos dos quais
escravos. Durante a escavação entre os anos de 2002 e 2003 foi
identificada, por meio de análises antropológicas, a presença de
pelo menos dois grupos étnicos enterrados no local, índios e negros,
o que demonstra a utilização do cemitério por um longo período de
tempo. Procurando o melhor entendimento sobre a ocupação do engenho
por indivíduos de diferentes etnias (índios, negros e brancos), além
das análises arqueológicas e antropológicas, utilizamos a
investigação a partir de DNA para essas amostras. Para isso foi
escavada uma área de 15 m² onde foram registradas trinta e três
ocorrências de ossos humanos assim distribuídos: dezenove
indivíduos, sendo dezoito adultos e uma criança, além de quatorze
conjuntos considerados ossos esparsos, compostos por ossos longos,
em sua maioria sem conexão anatômica e com datação radiocarbônica de
310 + 40 AP (Beta 196465). Para análise de DNA foram coletados cinco
fragmentos ósseos e dentes de diferentes indivíduos do sítio
histórico-arqueológico Engenho São Jorge dos Erasmos. Todos os
procedimentos para evitar contaminação foram realizados. O material
foi limpo e imerso em solução quelante antes do processo de extração
e purificação (IQ, Promega). Em seguida foi realizada amplificação
por PCR e sequenciamento no aparelho ABI 3130 (Applied Biosystems).
Adicionalmente, todos os resultados obtidos foram comparados com as
seqüências das pessoas que participaram do enterramento e das
análises em questão. Das cinco amostras processadas, em quatro foram
observadas um total de 14 mutações, que identificaram três
haplogrupos ameríndios (Haplogrupo A, C e D). Apoio Financeiro:
FINEP, FAPESP, UFPA e MAE-USP.
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