COMPOSIÇÃO GENÉTICA DE QUATRO COMUNIDADES REMANESCENTES DE
QUILOMBOS BRASILEIRAS COM BASE EM MICROSSATÉLITES E MARCADORES INFORMATIVOS DE ANCESTRALIDADE
Pedrosa, MAF 1,2; Pereira, RW3; Grattapaglia, D 1,3 Klautau-Guimarães, MN2 Oliveira, SF 2
1. Programa de Pós-Graduação em Biologia Molecular, Universidade de Brasília, Brasília/DF, Brasil; 2. Laboratório de
Genética, Departamento de Genética e Morfologia, Instituto de Ciências
Biológicas, Universidade de Brasília, Brasília, Brasil; 3. Programa de
Pós-Graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia, Universidade Católica de
Brasília, Brasília/DF, Brasil.
silviene@unb.br
No Brasil existem na atualidade comunidades rurais
semi-isoladas identificadas como remanescentes de quilombos, formadas
principalmente por escravos fugidos durante o período colonial brasileiro. Em
decorrencia do isolamento parcial e apesar dos eventos estocásticos a que estas
populações estiveram, e ainda estão, submetidas, espera-se que essas
comunidades apresentem uma composição genética predominantemente africana e
preservem, em parte, a história da migração africana para o Brasil. O presente
trabalho teve como objetivo estimar a composição genética atual de quatro
comunidades Remanescentes de Quilombos - Kalunga, Mocambo, Rio das Rãs e Riacho
de Sacutiaba - utilizando nove marcadores informativos de ancestralidade (AIMs)
autossômicos e oito do tipo microssatélites. A análise de mistura genética,
utilizando o programa Admix 3, foi realizada para cada comunidade utilizando os
dados dos marcadores microssatélites e dos AIMs separadamente e em conjunto. As estimativas de mistura genética realizadas utilizando os AIMs e os
microssatélites diferiram significativamente entre si. Essas diferenças podem
ser decorrentes de vários fatores, como as características de cada tipo de
marcador e a seleção das populações parentais. Rio das Rãs e Kalunga foram as
comunidades que apresentaram maior contribuição africana enquanto Riacho de
Sacutiaba e Mocambo apresentaram altas estimativas de contribuição européia,
maiores do que a africana quando considerou-se as estimativas obtidas com os
dados de marcadores microssatélites. Porém, os resultados da análise utilizando
apenas os AIMs indicaram que todas as comunidades, em especial Rio das Rãs e Kalunga, apresentaram uma forte contribuição africana em sua
composição seguida pela européia, que foi também alta principalmente em Riacho
de Sacutiaba e Mocambo. A contribuição ameríndia foi também bastante importante
na formação do remanescente Mocambo, de acordo com o obtido com a utilização
dos marcadores AIMs. As estimativas de mistura obtidas utilizando o conjunto de
marcadores microssatélites e AIMs foi similar àquelas usando apenas os
marcadores AIMs. Os resultados aqui apresentados corroboram os relatos
históricos de que os remanescentes de quilombos não foram fundados
exclusivamente por afrodescendentes, bem como da ocorrência de fluxo gênico ao
longo da história dos mesmos. Apoio Financeiro: CNPq, FINATEC, Fundação
Cultural Palmares.
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