RELAÇÕES ANTROPOLÓGICAS E EVOLUTIVAS ENTRE POPULAÇÕES
BRASILEIRAS E EUROPÉIAS INFERIDAS POR MARCADORES DO CROMOSSOMO Y
Guerreiro-Junior, VF; Salzano, FM; e Bortolini, MC.
UFRGS, Rio Grande do Sul, Brasil.
vguerreirojr@yahoo.com.br
A América pós-colombiana sofreu profundas modificações,
especialmente no seu contingente populacional. Além da ocupação do continente
por portugueses, posteriores levas de imigrantes de outras origens européias
também desempenharam um papel fundamental na formação cultural e genética das
diversas populações sul americanas contemporâneas. Além disso, a população
brasileira originou-se inicialmente através de um acentuado cruzamento
assimétrico entre três maiores grupos geográficos continentais (ameríndios,
europeus e africanos). Basicamente são os estudos com marcadores de linhagens
uniparentais, tais como o cromossomo Y e o DNA mitocondrial que têm evidenciado
esta característica, revelando que cruzamentos gênero-étnico-preferenciais
desiguais ocorreram em muitas regiões, o que resultou numa grande
heterogeneidade nos níveis da ancestralidade encontrados ao longo do país.
Neste trabalho genotipamos uma amostra de cidade de Porto Alegre (N=203) com
relação a 12 Y-SNPs e comparamos estes resultados com aqueles obtidos para
outras populações brasileiras e européias. Os dados indicam que a freqüência de
cromossomos Y classicamente associados a populações de origem européia está
presente em mais de 60% da amostra. Destaca-se o haplogrupo R1b3* (um subtipo
de P*) encontrado numa freqüência de 51%, evidenciando que o componente ibérico
está tão associado a esta população quanto aquela que a originou, pois este
cromossomo está presente em 51% e 57% nas populações ibéricas e da ilha de
Açores, respectivamente. Vale destacar que foram casais açorianos os fundadores
de Porto Alegre. Já o haplogrupo J*, freqüente em populações mediterrâneas, foi
encontrado numa freqüência de 10% na amostra de Porto Alegre. Investigações
anteriores na região sul do Brasil, envolvendo um menor conjunto de marcadores,
mostraram que a freqüência do haplogrupo P* varia de 73% a 96% e no Brasil como
um todo em torno de 58%. Os resultados apresentados aqui apontam à necessidade
de investigação mais aprofundada dos cromossomos de origem européia na
população brasileira geral, estratificando o haplogrupo P* a fim de estabelecer
comparações mais precisas entre as freqüências destes nas populações
brasileiras e européias.
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