Propriedades Geométricas da Diáfise Umeral e a Atividade
Física: Estudo de Restos Esqueléticos do Sambaqui da Beirada, Saquarema,
Litoral do Rio de Janeiro
Salles, A.D. 1, Carvalho, C.R. 2, Silva, H.P. 2, Mendonça de
Souza, S. 2, Tonomura, E.T. 1.
1 UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil; 2 FIOCRUZ, Rio de Janeiro,
Brasil.
adilson_salles@yahoo.com.br
Analisamos as propriedades geométricas de secções
transversais de úmeros, por meio de imagens tomográficas, de um grupo
sambaquieiro que viveu no litoral de Saquarema (Sambaqui da Beirada), Rio de
Janeiro, de 4520±190 a 3800±190 anos a.p. O objetivo deste estudo é confirmar a
robustez referida pela arqueologia, em relação ao grupo, relativa às atividades
de condução de canoas, natação, arremesso de lanças, arco e flecha e produção
lítica, bem como a divisão de tarefas entre os homens e mulheres. A
investigação envolveu a análise de cortes tomográficos de 26 diáfises umerais
(direitos=13; esquerdos=13), de um total de 15 indivíduos adultos (homens=8;
mulheres=7). Empregando o programa Labmot, medimos as areas externa, interna
(canal medular) e cortical e projetamos o centróide das secções. Como o osso
diafisário apresenta-se como uma viga oca, sua resistência mecânica, às forças
de inclinação e de torção, pode ser representada pelos momentos areal (Ix=eixo
lateromedial; Iy=eixo anteroposterior) e polar (J) de inércia, respectivamente,
calculados por uma relação entre os diâmetros anteroposterior e lateromedial.
Definimos, ainda, a relação Ix:Iy para caracterizar a forma da secção
transversal, associada aos movimentos do braço nos planos sagital e frontal. A
normalização das áreas seccionais foi obtida pelo uso de valores percentuais.
As comparações dos valores médios foram realizadas pelo teste t (p=0,05). O
material faz parte do acervo do Museu Nacional/UFRJ e as tomografias foram
realizadas no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/UFRJ. Considerando
os valores médios, os homens mostraram maiores áreas corticais e os momentos de
inércia (Ix, Iy e J) do que as mulheres. Contudo, não encontramos diferença
entre os lados direito e esquerdo, em relação às áreas ou à resistência. As
seções apresentaram um formato circular (Ix=Iy) em relação ao sexo e aos lados.
Assim, inferimos que o grupo esteve envolvido com um amplo repertório de
atividades, usando ambos os membros superiores, simultaneamente, em movimentos
nos planos sagital e frontal e que maiores esforços foram despendidos pelos
homens. Finalmente, relacionamos as propriedades geométricas da diáfise umeral
com as atividades especificamente propostas para o grupo.
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